Yossi & Jagger- delicada relação(2002) e Yossi (2012)
são dois filmes que me comoveram bastante, ambos dirigidos por Eytan Fox. O primeiro é baseado em
uma história real que desconheço, confesso. O segundo, como você já deve supor,
é uma continuação.
Yossi e Jagger são soldados que estão abrigados em uma base
militar que fica na fronteira de Israel com Líbano. Yossi é o comandante do
grupo. Rígido, não cogita a hipótese de assumir sua opção sexual e muito menos a do relacionamento com Jagger que sonha com uma vida a dois, cobra
demonstrações de amor e se revela mais sensível.
É um filme curto, mas intenso. Eytan Fox valoriza as
pequenas, porém significativas, coisas do amor, aquelas que são o diferencial
entre um casal e outro, aquelas que ficam nas lembranças, as do saudosismo. Uma
brincadeira boba, uma música, a revelação de um sonho, um pedido. Direção e roteiro(Avner Bernheimer, Natan Elkanovich, Yaron Scharf)
ultrapassam os preconceitos que existem sobre homossexuais, quebram com uma
sensibilidade encantadora a barreira que muitos criam (nós x eles) e, com isso,
conseguiram me envolver sem as discussões clichês sobre opção sexual, sem
grandes feitos que deveriam arrancar choros ensurdecedores. Envolvem com o
pouco. Envolvem quando me identifico, quando respeitam o amor, o ser absolutamente humano.
Quanto a Yossi (2012), prefiro não relatar a sinopse para não informar o desnecessário. Também
não é um filme extenso, no entanto é mais arrastado, o que não se trata de um
demérito, pois a continuação da história pede isso, Yossi está se arrastando.
Portanto, Eytan é novamente feliz, agora com o roteiro de Itay Segal.
Yossi (2012) traz o constrangimento diante de uma
humilhação, a insegurança, a falta de confiança em si mesmo; a magia do
primeiro olhar, a conquista; a dificuldade de superar uma perda, de lidar com
ela; a chance, as oportunidades. Imagino que seja impossível não se identificar
em pelo menos algum momento. Dessa forma, considero tão bonito quanto o primeiro,
me fez chorar menos porque o desfecho era outro, mas comoveu o suficiente para
deixar um gostinho de quero mais.
Sinceramente, não lembro de ter assistido a um filme que
tenha conseguido demonstrar um relacionamento homossexual com tamanho respeito
e naturalidade. Aliás, estou aqui batendo nessa tecla porque brigo
constantemente pelos direitos gays e também porque vejo muitos absurdos por aí,
mas os filmes não batem, não se prendem nessa questão, uma das razões para que
eu lhes atribua as qualidades citadas no texto. São filmes sobre o amor, sem a “melação”
habitual e a pornografia que você deve estar imaginando encontrar. Recomendo, adorei!
2 comentários:
Compartilho de sua luta, e como sempre vc descreve maravilhosamente bem que dá muita vontade de ver eu que ja adoro filmes e vindo de alguém que sei do bom gosto, vou assistir com certeza.
Apesar de Yossi & Jagger tem uma história com todos os elementos pra dar certo, é tão superficial que mais parece um curta. Não gostei. Ainda vou assistir Yossi.
Postar um comentário