Encontrei José e Pilar num blog que com muita frequência me
direciona e a bons filmes, o Laranja Psicodélica. A existência do filme não me era desconhecida, mas até assistir
não soube direito do que se tratava, tinha certeza de que a história do casal
seria encenada por atores e confesso que fiquei emocionada por ver o próprio
casal, na própria realidade, em cena e longe de estar encenando.
José e Pilar é um longa-metragem documental que mostra como
era a vida de José Saramago e sua esposa Pilar Del Rio, tendo como ponto de
partida e também central a produção do livro “A viagem do Elefante”- que
por sinal não li. Todo esse processo nos revela a identidade, a intimidade de
um relacionamento fundamentado no companheirismo que só o amor pode
proporcionar.
O gigante da literatura, polêmico e um dos meus ídolos, se
revela ainda mais apaixonante. A preocupação em terminar o livro, a dedicação e
disciplina só permitem conhecer um Saramago a altura de suas obras. Um José que
soube envelhecer, consciente como pouquíssimos de nós somos. Grato, terno, bem
humorado. Alguém que sustentou suas opiniões e convicções até o fim, desprovido
da preocupação de simplesmente agradar o mundo.
Pilar é incrível. Sem dúvidas, a mulher que eu gostaria de
ser, a companheira que eu gostaria de ter. Feminista assumida, fez com que eu
desejasse aplaudi-la mediante suas atitudes e declarações. Aliás, as
declarações, de ambos, não apenas sustentam o filme como é característico nos
documentais, mas são as responsáveis para que se chegue as constatações que
citei, para que se envolva emocionalmente na relação do casal.
O que me resta, depois de uma experiência tão enriquecedora,
é agradecer Miguel Gonçalves Mendes por ter insistido em filmar a rotina dos
dois, por ter presenteado a nós, fãs de Saramago, com um trabalho tão bonito.
José e Pilar é um documento importantíssimo que deve ser acessado não só por curiosidade,
pensando em acumular mais algum tipo de conhecimento; mas para entendermos, em
meio a confusão que vivemos, o que é companheirismo – palavra chave da história
do casal e reavaliarmos o que pensamos, dizemos e somos.
Confiram o trailer:
5 comentários:
Também não sabia da existência desse filme, Lah. Obrigada por partilhar. Acho sempre uma experiência interessante fazer um mergulho na vida desses gigantes...
Faz tempo que tô querendo ver esse filme,tenho que fazer isso logo, sua review é linda e tenho certeza q o filme tb. P.s. Sempre acho estranho a expressão "Feminista assumida", acho que reflete a má aceitação e má interpretação do feminismo, como se precisasse de coragem para se dizer feminista, rs, já que algo tão mal visto :/ Ninguém diz "ativista assumido" ou "socialmente consciente assumido"m por exemplo. É que feminista assumido seria "a favor dos direitos e da liberdade das mulheres assumido",rs
Ferdi, por nada. Indico mesmo, acho que vai gostar.
Sam, utilizei a expressão propositalmente, justamente por essa questão. Pois, num dado momento ela é questionada e responde algo tipo: sou feminista por mim e pelas que não tem coragem de assumir ou não são, enfim, algo assim. Mas, mesmo assim, justamente por ser algo tão mal visto, penso que é preciso coragem sim, pois muitas são, mas disfarçam, não comentam, enfim, não assumem a postura às claras. Existem os socialmente conscientes, por exemplo, que não se assumem. Assumir que digo é no sentido de levantar a bandeira, lutar, enfim. Muitos são conscientes, mas muitas vezes calam para não perder o amigo. Enfim, não sei se estou sendo clara...rs Soa estranho mesmo dizer "a favor dos direitos e da liberdade das mulheres assumido", mas penso que há quem seja e não se assuma por nem saber que é ou por, simplesmente, preconceito e medo de qualquer polêmica. Afinal, querendo ou não, nossos direitos ainda parecem, muitas vezes, distantes dos direitos humanos.
Entendi, Láh, é por aí. E eu não estava criticando seu uso, mas tudo por trás mesmo. De uma forma ou de outro o feminismo é político, assim como o pessoal é político também.
Ahh sim, mas veja o filme. Você vai se apaixonar por ela!rs
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