"-Ele será famoso. Toda criança do nosso mundo saberá seu nome"
(Minerva McGonagall em Harry Potter e A Pedra Filosofal, de J.K. Rowlling)
Professora McGonagall diz isso já nas primeiras páginas do livro inicial da série mais famosa da atualidade. Ela se referia ao, ainda bebê, Harry James Potter (ou Harry Tiago Potter em versão nacional). O mundo a que ela se referia era o dos bruxos, mas nós trouxas não passamos alheios, pelo contrário, tivemos o prazer de adentrar nesse universo fantástico criado por uma ex-professora britânica.
J.K Rowling, reza a lenda, criou esse mundo mágico em uma viagem de trem. De certo, naquele momento ocioso e tedioso que nos encontramos a mercê de um meio de transporte e que nos leva a recorrer à imaginação para passar o tempo. Como acontece com muitos de nós, a ideia veio, só que ela não tinha caneta e papel a vista, mas, ainda bem, ela conseguiu guardar o essencial daquela viagem inspiradora que veio a resultar em personagens carismáticos e enredos inventivos, garantido sete livros e muita diversão e emoção para crianças, jovens e adultos.
Enquanto Rowlling, em meados dos anos 90, tentava não deixar esvair essas ideias que borbulhavam em sua mente, ela não imaginava que Harry Potter viraria um fenômeno antes do final daquela década.
Harry e seus fãs (no original:
Harry, a History) tenta dar conta desse fenômeno na visão de uma fã. É um livro com linguagem simples e de narrativa pessoal. Praticamente a jornada de fã da própria autora (Melissa Anelli), semelhante à de milhões de outros, permeada por passagens que narram a trajetória de sucesso da série de J.K. Rolling.
Foi lendo esse livro, um tanto quanto insosso, embora bastante interessante e emocionante em alguns momentos, que me deu vontade de falar sobre Harry Potter, uma série que só comecei a ler depois até de ter deixado a adolescência. É uma bobagem esse preconceito que se tem com os livros de Harry Potter, ainda bem que não me deixei levar por ele e aceitei a sugestão de um amigo da faculdade há uns 5, 6 anos. Esse preconceito é tanto que se teve que criar outras capas (essas pretas que ilustram o post) para que adultos não se sentisse acuados em suas leituras em ambientes públicos.
Lembro que li os quatro (ou seriam cinco? minha memória não é das melhores) livros já lançados em questão de semanas e, veja bem, não são livros curtos, principalmente a partir do quarto. E fiquei ávida pela conclusão.
"Eu tinha uma última pergunta a fazer: Desta vez o que ela espera que as pessoas levem consigo? Ela fez uma pausa, mas a resposta saiu rápido.
- Quando toda a agitação e a balbúrdia acabarem, e quando todos os comentários da imprensa se esgotarem, eu creio que o mundo afinal constatará que esse fenômeno foi gerado, em primeiro lugar, pelo fato de crianças adorarem um livro. Um livro foi para as livrarias e algumas pessoas o adoraram. Quando acabar todo confete e serpentina, isso é o que nos restará. 'E essa é a mais maravilhosa das ideias para um escritor.'"
(Melissa Anelli entrevistando J. K. Rowling em Harry e seus fãs)
Os dois primeiros livros, confesso, não achei essas coisas. Eram divertidos apenas. Embora já achasse genial a ideia de um mundo mágico paralelo ao nosso, cheio de termos, regras, objetos, comidas e lugares próprios e incrivelmente peculiares e curiosos. Uma sociedade alternativa, na qual trouxas, como eu, viviam a margem, sem nem desconfiarmos que nosso vizinho de 11 anos poderia estar recebendo cartas de uma escola de bruxaria. E como a escola Hogwarts era fascinante! Por tudo isso, entendia encanto que exercia sobre as crianças. Mas ainda não era o suficiente.
E aí veio o terceiro livro (
O Prisioneiro de Azkaban) e tudo mudou, mesmo. Então o enredo não era tão simples assim, e tudo estava ligado, desde o começo! E um novo leque de personagens cativantes e histórias interessantes foi aberto. Queria saber onde isso ia parar, e queria saber mais sobre aquele universo e sobre aquelas pessoas. Não só referente ao plot central, ou seja, a luta de Harry contra Voldemort. Eu queria saber dos marotos, do atormentado e pacato Remo Lupin (meu personagem preferido), do irônico e enigmático Alvo Dumbledore, do sisudo Severo Snape, da trajetória de Tom Riddle até virar aquele que não deve ser nomeado e sobre as relações de amizade e lealdade tão latentes naquelas páginas. Queria saber também como funcionava esse Ministério da Magia, mais sobre a própria Hogwarts, sobre as criaturas mágicas, feitiços, porções e tudo mais a respeito do mundo bruxo. E tudo foi se aprofundando e ficando mais sombrio no decorrer dos demais livros, mas sem perder o ar mágico do princípio.
E como se os sete livros não fossem o bastante, existe uma série de outros livros sobre Harry Potter por aí, inclusive três escritos pela própria J.K Rowling, são eles:
Animais Fantásticos e Onde Habitam,
Quadribol Através Dos Séculos e
Os Contos De Beedle, O Bardo. Todos eles existentes do mundo bruxo imaginado por Rowling e que demonstram o domínio que ela tem sobre sua criação e o quanto ainda pode explorá-la.
Daí tem os filmes. Sim, eles deixam muito de fora, mas são, em geral, ótimas adaptações. Cada ator realmente incorpora seu personagem, os cenários não poderiam ser mais fiéis ao meu imaginário e tornou tudo mais lúdico. Só tenho birra mesmo com sexto filme que não fez jus a um dos meus livros preferidos (
O Enigma do Príncipe). No entanto, livros e filmes caminham em harmonia, algo a se comemorar e destacar, visto tantas adaptações chinfrins de ótimos livros que existem por aí.
Nem sou desses fãs mais aficionados que sabem tudo sobre tudo que envolve Harry Potter, participam de fóruns, se fantasiam, jogam RPG, criam fanfics, escutam ou fazem parte de bandas de wizard rock (sim, sim), enfim, expandem esse universo já tão vasto. Li os livros, vi os filmes, nada muito mais que isso, mas foi uma ótima e encantada jornada. Tanto que recomendo e defendo a série de detratores que, possivelmente, nunca leram um livro sequer da saga. Esses trouxas!