segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A idade da razão, de Jean Paul Sartre



Sabe aquela leitura maçante daquele texto tão importante quanto chato intitulado O Ser e o Nada? Pois é, você não a encontrará nos textos literários de Sartre. E sabe toda aquela filosofia apaixonante, característica de seu pensamento? Essa sim você encontrará, o que revela um Sartre, no mínimo, talentoso.

Em A idade da razão, acompanhamos a trajetória de Mathieu em busca de dinheiro para que sua namorada possa realizar um aborto. A história já inicia com a notícia da gravidez e a aparentemente natural decisão de interrompê-la, sem que durante muito tempo se considere outra possibilidade de solução para o “problema”. Em seu decorrer, conhecemos o casal que possui uma relação teoricamente descompromissada e, portanto, cômoda há anos. Fui levada a compreender e questionar essa dinâmica sem que fosse tomada pela ira, inconformismo e o drama que a situação poderia gerar.

Mathieu está no que julga ser a idade da razão e o que ele entende por isso explica seu comportamento diante da decisão do aborto e a maneira com que conduziu toda sua vida. As escolhas do personagem e o enfrentamento dos resultados, exemplificam o conceito de liberdade do filósofo J. P. Sartre e nos levam a pensar em outras questões existenciais.

Entre as pessoas que o personagem recorre, está seu irmão que possui o dinheiro e, entretanto, uma opinião contrária não só a decisão de Mathieu, mas à todas suas convicções responsáveis pelo que é e vive.

A idade da razão, assim como as demais obras literárias de Sartre, não é um livro exclusivamente para Filósofos. Aliás, nesse caso, esqueça os Filósofos se a palavra lhe der a ideia de qualquer tipo de hermetismo.  É um romance para aqueles que gostam de histórias bem construídas e contadas, o que ouso afirmar ser uma especialidade de Sartre.

O que fica é a já conhecida reflexão de que não tomar uma determinada decisão se trata de uma escolha que implicará consequências como qualquer outra. A passividade é também uma opção e o difícil é ter consciência disso ao invés de simplesmente argumentar que “as coisas aconteceram”, “fugiram do controle”.  

O que enlaça é: fará ou não o aborto? E penso que já informei demais até aqui!

2 comentários:

Unknown disse...

Lah, confesso que tenho um certo preconceito com livros escritos por filósofos, por acreditar que possa ser demais para minha cabeça. Mas antes mesmo de você falar para esquecermos a palavra "filófoso" eu já havia me afeiçoado pela premissa do romance. Acho que vou ter que ler pra essa curiosidade não me matar...rs

Unknown disse...

É que existe toda essa história de que filósofos são difíceis. Na realidade posso indicar muitos que são tranquilos de ler. A literatura do Sartre então, você nem vai sentir diferença. Ele é chato nos textos filosóficos, isso é...rs